A Fazenda Palestina conta uma parte da história do Brasil. Remanescente das últimas lavras do ciclo do ouro em Minas Gerais, é testemunha reconstituída de um tempo onde o comércio entre as nações utilizava esse metal valioso como referência da produção e da riqueza. Um tempo onde as tecnologias de extração mineral eram praticamente inexistentes, necessitando recorrer a milhares de mãos humanas, mãos escravizadas por senhores proprietários de terras e de homens e mulheres. Um tempo onde levavam dias para percorrer, no lombo de cavalos e burros, a distância entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Um tempo que se ouve longínquo ...
O município onde a fazenda se localiza – Itapecerica – é reconhecido como estando entre os dez municípios e vilas mais antigas de Minas Gerais. O povoado surgiu em 1739, batizado de Arraial de São Bento do Tamanduá. A colonização do arraial provavelmente deveu-se a quatro fatores: as disputas entre paulistas, descobridores das minas, e os forasteiros, que se embrenharam nos sertões; a abertura do caminho da Picada de Goiás; os quilombos; e a descoberta do ouro. São José d’El Rey (hoje Tiradentes) tomou posse do arraial em 1744. Tornou-se freguesia (divisão geográfica do clero católico) em 1757, com 7 capelas filiais. Tornou-se vila e município em 1789, com 34 distritos. A solenidade da instalação do município ocorreu em 1790, com o termo da Comarca do Rio das Mortes. Nessa época, o município da Vila de São Bento do Tamanduá recobria uma área tão extensa que abrangia o que é hoje o Triângulo Mineiro e divisava com Goiás. Foi denominado cidade de Tamanduá em 1862, e vinte anos mais tarde, em 1882, cidade de Itapecerica.
A Fazenda foi provavelmente construída na década de 1790, e sua primeira atividade foi a extração de ouro, mas como sua jazida era consideravelmente menor em relação a outros sítios de Minas Gerais, aos poucos foi substituída pela pecuária. Localizada em terreno de baixada, a temperatura local cai à noite, que se põe ainda mais escura. A esse respeito, acredita-se que Saint-Hilaire, em 1819, ao passar pela então Vila de São Bento do Tamanduá, refira-se à fazenda, onde o naturalista francês teria se hospedado, em uma passagem em que procurava seu grupo de desbravadores, retornando à fazenda em uma “noite escuríssima”.
Dos registros a que se tem acesso, desde a segunda metade do século XIX até o presente, os proprietários da fazenda estão na seguinte ordem: David dos Santos, Cândido Malaquias, José Venâncio Diniz, Epaminondas de Senna, Feliciano Antunes Campos, Luiz Mendes de Araújo e Sebastião Rios Corrêa.
Na época do senhor Luiz Mendes, a fazenda teve uma fase marcante com a criação de gado, especialmente touros da raça Gir. Passada essa fase, durante muitos anos a fazenda ficou praticamente abandonada, propiciando elevado estado de degradação, não somente das edificações, como também de seus pomares, suas nascentes e cursos d’água, suas pastagens e seus acessos. Contudo, pode-se afirmar que a flora e fauna foram preservadas.
No ano de 1997, Dr. Sebastião Rios Corrêa adquiriu a fazenda, desenvolvendo plano de aproveitamento do aprazível ambiente para a instalação do Hotel Fazenda Palestina, de modo a resguardar as características próprias da história de uma época e potencializar todo um conjunto de recursos naturais e históricos disponíveis no local. O Hotel Fazenda Palestina é destaque do acervo cultural da cidade por ser uma fazenda bicentenária, preservando ainda hoje relíquias desse período. Em 1999, a antiga sede foi totalmente restaurada com a preservação da arquitetura colonial da época. A infra-estrutura foi ampliada com a construção de novos apartamentos, oferecendo um ambiente agradável, confortável e acolhedor.